Não é de hoje que me interesso pela história das coisas. E não é de hoje que me interesso pela história da Nintendo no Brasil.

Em março de 1993, quando a Gradiente e a Estrela anunciaram a criação da Playtronic, tinha acabado de completar 8 anos. Já era fã de Mario, Donkey Kong e outras franquias por causa do Hi-Top Game, clone do NES dado pelos meus pais.

Como uma daquelas memórias cristalinas que não entendo como foi preservada até hoje, me recordo de um pôster do encanador segurando a bandeira do Brasil. Veio junto do Diarinho, caderno semanal do Diário do Grande ABC. O suplemento infantil foi um dos culpados por ter virado jornalista.

Playtronic Gradiente Nintendopedia (3)

Além disso, naquele mesmo domingo, logo no primeiro intervalo do Fantástico, uma propaganda mostrou o poder do Super Nintendo. Meses depois ganharia de Natal o console e a fita de Super Mario World. Foi um marco para a indústria brasileira de videogames. E é claro que causou um intenso impacto em mim.

Por mais que tenha minhas falhas − em certos momentos da adolescência e durante a faculdade não dei atenção para o que estava acontecendo neste universo −, foi a experiência como público-alvo da joint venture que tentei resgatar quando fui trabalhar na Nintendo World. A revista, a propósito, é um dos frutos mais relevantes dessa iniciativa.

Desde então eu nutro um projeto meio ambicioso, e talvez por causa disso nunca tenha progredido, que é recontar essa saga. Até nome já tenho para o livro-reportagem: “Playtronic ou Nada!: Uma História da Nintendo no Brasil“.

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Um dos culpados por isso é o Rafael Peccioli Moreno, que fez um TCC sobre a NW e acabou se tornando um dos meus amigos-colaboradores. Em 2014, chegamos a fazer uma reunião para discutir formatação, capítulos e cronograma, mas o tempo sempre foi minha desculpa para deixá-lo na gaveta.

Eu falo em tempo, mas dinheiro também é outro empecilho. Por sorte, sistemas de financiamento estão ficando cada vez mais populares. Talvez dedicação seja o verdadeiro entrave.

Estou escrevendo isso tudo, pois um dos maiores incentivadores do projeto foi o Manoel Marques. De tanto me cobrar, o mandei às favas várias vezes. Esse é daqueles sonhos que quero realizar apenas quando me sentir preparado. É como aquele carro antigo que você só reforma aos finais de semana. Peça por peça, vira uma terapia por décadas.

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Foi então que o meu amigo deu um ultimato semanas atrás. Já que as minhas prioridades ainda são outras, como arranjar um emprego fixo, ele pediu licença e montou o Nintendopedia Brasilis.

A ideia é, através da ajuda da comunidade, reunir o máximo de material, como vídeos, fotos, anúncios, embalagens de produtos, em um acervo digital. Entrou no ar em 17 de março deste ano. Ou seja, 25 anos depois da fatídica data.

Como o ser humano é feito de contradições, aceitei fazer parte do grupo de colaboradores. Me empolguei. Dei meus pitacos, li jornais antigos para preparar alguns artigos e procurei certos protagonistas desta aventura para entrevistar.

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Por uma felicidade do acaso, os dois primeiros depoimentos que consegui são exatamente de Maurício/Moris Arditti e Eugênio Staub, vice-presidente e presidente, respectivamente da Gradiente.

Para dar um gostinho, em breve publicarei parte deles lá no Nintendopedia Brasilis. Aqui no meu blog devo colocar os bastidores dessa incrível conversa. Arditti, visto na primeira das fotos deste post, foi quem convenceu a Big N a fazer tal parceria, depois de sete anos de insistência.

Se a minha ideia nasceu em 2013, quem sabe até 2020 o livro não fica pronto?